Só Com Outro Zumbi Ou Quilombola Pode o Negro Alcançar a Liberdade
No início da vida brasileira
Foi o negro uma fonte de tesouro
No desejo incansável pelo ouro
E no labor da lavoura açucareira
Essa raça infeliz foi a primeira
A ser vítima do ódio e da maldade
Pra fundar arraial, vila e cidade
Limpar cana, arar terra e cortar sola
As tarefas dos negros brasileiros
Eram pretas com brancas sobre os colos
Botar água nas tinas dos monjolos
Domar boi nos serviços mais grosseiros
Empilhar o café nos estaleiros
O produto de mais necessidade
Em passeio ou qualquer atividade
Carregar o patrão na padiola
Só com outro Zumbi ou Quilombola
Pode o negro alcançar a liberdade
Só o negro Zumbi no seu caminho
Enfrentou quase trinta expedições
Brancos, índios, mulatos com canhões
Perseguindo essa águia no seu ninho
Ferro em brasa, chibata, pelourinho
Já não era cruel realidade
No quilombo existia a irmandade
Sem patrão, capataz e nem argola
Pela grande coragem do zumbi
Resistiu o quilombo muitos anos
Derrotando holandeses e lusitanos
E senhores de engenho contra si
Jorge Velho chegou do Piauí
Com homens e armas em quantidada
E os negros em tal disparidade
Sucumbiram aos disparos da pistola
Só com outro Zumbi ou Quilombola
Pode o negro alcançar a liberdade
Mesmo após o decreto da princesa
Há algemas, correntes e grilhões
As mucamas, as senzalas, os porões
O racismo ofendendo a natureza
Entre brancos e negros com certeza
Nunca houve e nem há essa igualdade
Preconceito na atualidade
Tem na fábrica, na rua e na escola
Ninguém deve discriminar a fé
O regime, o costume e nem a raça
Moçambique, Macau, Rio e Mumbassa
Nova Deli, Moscou, Roma e Guiné
De São Paulo, Chicago e Daomé
Tudo é parte da nossa humanidade
Carne humana da mesma qualidade
De africana, francesa ou espanhola
Só com outro Zumbi ou Quilombola
Pode o negro alcançar a liberdade
Somente Zumbi serrou a grade
Que prendia os cativos de Angola
Zumbi, Zumbi, Zumbi!!!!!
Yeah!