Sinceramente
[Verso 1: Lord]
Sabe o que me entristece? Muitas coisas que te entristecem também
Outras coisas a mais, várias delas além
Da solução que você teria pra mim
Então só vou escutar o que eu tenho pra falar de mim
É nós, solto minha voz no rep, paz, justiça, liberdade e amor
E sempre sendo o que sou
A questão da aparência não é o que faz o MC
Pois quem não tem o que falar vai pra plateia aplaudir
Aqui, vim falar de paz e de manifesto
Um minuto pra se acalmar e poder se lembrar do resto
Agradeço a Deus, cada pedra que me jogaram
Fiquei mais cascudo sim, me fortificaram
Quando eu passei mal foram poucos que me levantaram
Quando eu comecei conto a dedo os que me apoiavam
To aqui pra satisfação do que acreditaram em nós
E também pro recalque dos vacilão
Passei por vários obstáculos, tragédias, espetáculos
E conclui que a vida nem sempre é o que é planejado
Mas to ligado, eu vou viver o presente
Pra no futuro não precisar chorar pelo passado
Tá sobrando piranha e me faltando emprego
Eu tenho a mesma lealdade aos meus amigos verdadeiros
Procuro inspiração pra encontrar meu sossego
Mas quando parece que eu vou encontrar no fim das contas eu me perco
Me sento, penso e escrevo alguma coisa que eu vi
Questiono isso a mim mesmo, sei lá, coisas de MC
Posso não ficar satisfeito mas algo absorvi
Agora tudo que eu meço impossível distinguir
Vou dar um rolé por aí, torrar um nofi, sei lá
Sabendo que pelo caminho algo pode me abalar
Alguém pode me balear antes que eu possa falar
Por isso é bom escutar a mãe - olha lá com quem vai andar
É muito fácil alguém abrir a boca pra te julgar
Difícil é ter a mesma força pra te levantar
(rá!) Mas se eu fosse contar com esses aí
Ainda tava fudido e caído por muito tempo
Eu corri na frente, fiz melhor, fui aplaudido
Olhei pra trás e nem a cara deles estou vendo
Agradeço a deus do céu, a meu pai fiel
A minha família, a caneta e o papel
Pelos irmãozinho que estão do lado
As minas que curtem e os manos que estão ligados
O recado vai chegar, aonde é pra chegar
Ficando ou não rico, vai ser pra eternizar
Pra te conscientizar de que o que vale é a amizade
Aprendendo a conviver com defeitos e qualidades
Sabe o que me faz feliz? É que tudo que eu te disse
É testado e aprovado pelos manos
É como o ditado diz: tá ruim, mas tá bom
Porque colhemos tudo aquilo que plantamos
[Refrão]
Eu me acalmo, me concentro eu tenho um alvo
Me fortifico, ergo a cabeça e dou um passo
Se meu corpo mostra marcas do cansaço
São pelo que faço, sinceramente
[Verso 2: DK]
Já tentei fugir, sair daqui mas não dá
Não sei o que está por vir, tem muita água pra rolar
Muito gigante pra cair, muito Davi se levantar
Muito menor fazendo o free, o show não pode parar
O assunto de roda falando de quem rodou
Fulano tá com droga, beltrano caguetou
Das histórias da escola, das mulher que já pegou
Dos risos que foram embora das mágoas que ficou
Abre espaço pros rimador, pra nós tirar do repertório
Um pouco de alegria e esquecer o velório
Mas é foda, a bala levou os da família
Mataram o menor na fonte, tiroteio na ilha
Irmão contra irmão, o diferente não é rival
Esses tipos de cuzão é semelhante não é igual
Ai bebel presta atenção, acha legal ser ilegal?
Ouve a voz da razão, dos antigos, dos atual
Muito amor pelo bairro, respeito aos mais velhos
Orientar os mais novos esses são os critérios
Malandragem é viver, não é ter marra de bandido
Os que andam sem máscara é os que estão mais escondidos
E só quem sentiu o frio da cela sabe
Como dar valor ao calor da liberdade
Dos irmãos mó saudade, quero ouvir, quero ouvir
Mó saudade, quero ouvir o canto da Lili
O amigo sujo de massa tomou tapa na cara
Com antecedente criminal, não pode passar na praça
Revirou a marmita, um abuso de farda
Esculacha e humilha até morador que trabalha
Nós por nós, não vou virar as costas, negar voz
Não arrego pra comédia, papagaio de playboy
Vê se me mira, mas me erra, me mira mas me erra
Sempre foi merda do rei, agora quer ser o rei da merda
Esse é só começo, não subestima não
Até as torres mais altas já começaram do chão
Eu não me escondo atrás de um Puma, de um Nike, de uma lupa
Eu não vou chamar de amor as puta que vão de garupa
Eu reúno os meus amigos vou pro baile da Chatuba
Conheço várias quebradas porque a vida me educa
Ela me ensina, às vezes as medidas são drásticas
Deus é pai, não é padrasto, mas a vida é madrasta
Bota a cara só quem é, quem não é, mete o pé
Quem combate o bom combate encerra a carreira e guarda a fé
Ainda ouço as frases no beco da comunidade
Se eu for siga-me, Se eu recuar, mate-me
Morre, vinga-me; paz justiça e liberdade
Presos somos esquecidos, mortos deixamos saudades
[Refrão]