Ontem Ao Luar
Ontem ao luar
Nós dois numa conversação
Tu me perguntaste
O que era a dor de uma paixão
Nada respondi, calmo assim fiquei
Mas fitando o azul
Do azul do céu a lua azul
Eu te mostrei, mostrando a ti os olhos meus
Poder sentir uma nívea lágrima e assim te respondi
Fiquei a sorrir por ter o prazer de ver a lágrima
Nos olhos a correr
A dor da paixão, não tem explicação
Como definir o que só sei sentir
É mister sofrer, para se saber
O que no peito o coração não quer dizer
Pergunta ao luar, travesso e tão taful
De noite a chorar na onda toda azul
Pergunta ao luar, o mar a canção
Qual o mistério que há na dor de uma paixão
Quando Jesus, meigamente solitário
Lá no cimo do Calvário
Os seus olhos, indulgente, erguia os céus
Quanta dor, quanta poesia, a penar
Nos seus olhos luz-luzia a meditar!
Não era dor de não ter esse poder
De reunir a humanidade
Da eterna atrocidade do sofrer!
Era, sim, a crúcea pena
De sentir por Madalena
O coração desfalecer