Vida Marvada
Almirante / Lúcio Mendonça Azevedo
Vancê num sabe
Como é bom vivê
Numa casinha branca de sapê
Com uma muié a nos fazê carinho
Com uma galinha
Uns dois ou três pintinho
O sol tá quente
A gente arranja a rede
Garra a viola presa na parede
Acende o pito, cospe e passa o pé
E deixa a vida como Deus quisé
Ê vida marvada!
Num dianta fazê nada!
Pruquê se esforçá
Se num vale a pena trabaiá?
Não sei pruque
Que aqui não nasce nada
É só capim, só mato e espinharada
Num nasce arroz, nem mio e nem feijão
Num sei o que é que exeste nesse chão
De manhã cedo
Eu óio pra rocinha
Pra vê se a vez nasceu quarqué coisinha
Mas, qual o quê, não nasceu nada, não
Prantando nasce, mas num pranto, não!