Hagar e Ismael

Atilano Muradas

Errante andei pelo deserto de Berseba
Levando o filho que gerei com Abraão
Não me deixaram mais morar com eles
Porque o menino caçoava de Isaque

Não tive culpa, foram eles que pediram
Que eu gerasse um filho para Abraão
Para cumprir a tal promessa do Senhor
Não sei, mas acho que houve precipitação

Na primeira vez eu sei que errei
Desprezando a Sara como fiz
Mas o anjo me falou e eu lhe escutei
Porque o Senhor me acudiu
Na aflição foi que me ouviu
E eu voltei e me humilhei

Sei que Ismael não era o filho da promessa
Mas, me mandar para o deserto foi engano
Eu sei que para Abraão foi duro à beça
Desligar-se do menino aos quinze anos

Secou-se a água, nosso fim se aproximou
Eu levantei a minha voz e ali chorei
Naquele instante o anjo lá do céu falou
Hagar, não temas, pois teu filho escutei

Ergue o teu filho pela mão
Dele eu farei grande nação
Então, Deus abriu meus olhos, e ali eu pude ver
Um poço de águas cristalinas
Glória a Deus que tudo faz
E ao rapaz dei de beber

Deus era com ele e o fez crescer
Flecheiro no deserto se tornou
Casou-se com uma moça da terra do Egito
E doze príncipes gerou
E ele foi grande nação
Pois era filho, de Abraão

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