Trem

Augusto Martins / Paulinho Athayde

Outro dia, saí do Méier, peguei um trem até Japeri.
Lá saltei e um ônibus de “dois conto” me levou a Paty.

Eu só sabia como ia, eu não lembrava mais não
Há muito tempo eu não andava de trem.
Eu só sabia como ia, eu não lembrava mais não
Que a tristeza anda lá dentro também.

Sacode um lado, sacode o outro.
Sacode um resto de esperança quem tem.
E vai chegar que nem biscoito
de fim de feira, quebradinho no trem.

Quando eu olhava, eu tudo via.
E tanta coisa que me vinha e balançava
e já não via ninguém.
E do meu lado, um passageiro de olhar tão ligeiro,
voava alto, andava mais que o trem.

Todo dia, dia de lida,
segue na vida, confiança quem tem
De voltar no fim do dia
no amassado sambalanço do trem

É tudo junto, amontoado
e cada um pro seu lado
vai chacoalhando com sua solidão
No parador, no direto, baldeação no concreto
e cada sonho vai enchendo o vagão

É tudo junto, amontoado
e cada um pro seu lado
vai chacoalhando com sua solidão
No parador, no direto, baldeação no concreto
e cada sonho vai enchendo o vagão

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