Língua

Sofia Vaz, Gabriel Vaz

Quieto. As palavras querem encarnar
Quieto. Tua língua morta de tentar conter
Esvazio no precipício em que resta o ruído
Onde os dentes rangem
Eu desacerto em não dizer algo que atravesse
E quando digo não sou, quando falo não (faço)

-- Não se faz numa palavra
Não se cria numa invocação
Quieto
Quieto. Em busca de violentar
Grito, com o som do vento nas vogais
Falto

Esvaecem, as coordenadas que haviam
Me enche, a boca, o peso de me saber
Irromper só quando alguém me invoca
A existência do outro carrega-me.

Só me sou nessas palavras
Não escapo num discurso
O que é meu não se diz
Falar é ficar
Preciso me calar

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