O Violeiro e o Acadêmico
Sei que não entro e nem sento
Na academia de letras
Porque minha educação
Foi só plantio e colheita
Não pude ser doutorado
Mas conheço todas as letras
Meu livro foi a enxada
Machado e picareta
E no campo da poesia
Tem doutor que aprecia
Meu rabisco na caneta
De toga e manto vermelho
É de brilho salpicado
Veste todos os acadêmicos
Quando vão ser diplomados
O seu trono é de veludo
Com mil detalhes dourados
Minha cadeira é um tronco
Num terreiro bem cuidado
Diploma é o chapéu de palha
Minha viola é a medalha
Sou caipira abençoado
Escrever lindas poesias
É dom do compositor
As frases mostram belezas
Do meu rico interior
Quando eu fico magoado
Machucado por amor
Escrevo versos rimados
Nunca tive professor
Poeta rima sorrindo
Porque tem o dom divino
Da escola do Criador