Dois Barqueiros
Fui tropeiro treze anos
E culateiro de boiada
Fui criado pelo mundo
E jogado pela estrada
Fui barqueiro do Rio Negro
Lá na Barra da Pousada
Onde o rio é perigoso
E a correnteza era dobrada
Dezessete de janeiro
Triste hora foi chegada
Quando chegou um boiadeiro
Pra passar uma boiada
O rio tava espumando
Por causa da chuvarada
O destino do barqueiro
Nunca tem hora marcada
Joguei trinta boi na prancha
E afrouxei as carretia
Eu gritei pro companheiro
Tenha fé em Santa Maria
Mas o peso era demais
Até o cabo rangia
Fiquemo num desespero
Sem saber o que fazia
Nisso o cabo arrebentou
Coisa triste aconteceu
João Fidelis pulou na água
Logo desapareceu
Eu perdi o meu amigo
Foi o que mais me doeu
Eu não pude erguê uma cruz
No lugar que ele morreu
Hoje eu vivo aborrecido
O motivo eu já contei
Só lembro no companheiro
Nunca mais esquecerei
Tive muitas profissão
Mas nenhuma aproveitei
Adeus Porto do Rio Negro
Nunca mais lá voltarei