O Bem-Te-Vi
À sombra de enorme e frondosa mangueira
Coberta de flores, da tarde ao cair
A virgem dos campos, morena garbosa
Contava ao amante, meiguices a rir !
O céu era belo ! Madeira da estrada,
Cantava o encontro nas noites de ipê !
E os olhos da virgem tornaram-se lânguidos
E os lábios mais rubros, que o rubro café
E qual uma flecha que envia o selvagem,
Ou ave runrrando, num galho pousou !
E o jovem dizia palavras mais ternas,
E a virgem, mais ternas venturas sonhou !
Se deres-me um beijo, trigueira, em minh'alma,
Terás sempre afeto, delírios, paixão !
No pouso, uma rede de penas, bem feita,
Na minha viola, saudosa canção !
Depois desse beijo, talvez teu primeiro,
Não sei que mistério, passara-se alí !
Cobrir a trigueira, vexada, o semblante,
E a ave, voando, gritou : Bem-te-ví !