Maria da Graça
Artur Ribeiro
Maria da graça infinda
Era a mais linda das raparigas
Deixava sempre, ao passar
Frescas no ar, lindas cantigas
Mas uma tarde abalou
E regressou já noite morta
Desde então, que sina a sua
Dizem na rua de porta em porta
Já foi Maria da graça
Já teve graça ao passar
E agora quando ela passa
Nem graça tem no andar
Entrou com ela a desgraça
No dia em que ele a deixou
Já foi Maria da graça
Mas só Maria ficou
Tem um filhinho pequeno
Muito moreno, que atira ao pai
E adoça um pouco o desgosto
Beijando o rosto de sua mãe
Conserva o seu ar infindo
E um fogo lindo nos olhos belos
Mas o sol, quando ela passa
Já não esvoaça nos seus cabelos