Dia Santo
Celso Adolfo
Levantei, lancei o dado
procurando a sorte entre tantos
números já combinados
Hoje é dia santo
dia santo assim
faz meu coração estremecer
Cada coisa que eu repito
ainda mais reflito
pode alguém me ouvir
Aprendi lançando o dado
a sorte não tem lado
e mais tempo o tempo não tem
Quando canto em tom de queixa
é que a gente esquece e deixa
que se perca a distinção
Chega a noite na janela
tomo cada estrela
e bebo a cintilação
Essas coisas não são minhas
são da luz do dia
são da escuridão
Céu aberto na sacada
sob as horas estreladas
digo a minha solidão.