Sem Eira, Nem Beira
Percorro a favela naquela de quem não quer nada
Sem eira nem beira, na noite apagada
Lembrando dos olhos daquela mulher
Navalha afiada pro que der e vier
Troquei meu terno antiquado por gola rolê
A vida é melhor pra quem sabe viver
Diante da morte não tem nem talvez
O morro é bonito pra quem vai uma vez.
Pensar que a vida se resume
No luar que une a voz ao violão
Querer se alimentar de brisa tudo é ilusão
Hoje que a maré mudo
Posso dizer que a cigana se enganou
Quando falou que eu seria
Rico vivendo na orgia.
Estendo o olhas às avencas por cima do muro
E duas estrelas despontam no escuro
Trazendo a tristeza que a gente não quer
Falando dos olhos daquela mulher
Pois é, falando dos olhos daquela mulher.