Da Alma de Dom Emílio
Foi bem assim desde cedo, e a filosofia é essa
Que bem mais taura é quem empeça o dia com pé esquerdo
E entre manhas e segredos, o meu instinto vagueia
Minha alma troca orelha, meu coração escramuça
Até parece que pulsa sangue crioulo em minhas veias
Vem das bibocas da história a causa que me aprofundo
Quando o mundo se fez mundo na ânsia demarcatória
Que perpetuou na memória deste meu povo caudilho
Coisas que, de pai pra filho, botam na forma o consolo
E que o rastro de um crioulo é a alma de Dom Emílio
Assim no temblor das patas, bagualas pátrias nasceram
E, macharronas, cresceram sendo, aos crioulos, muy gratas
Este é um nó que não desata porque em cada um se arranja
A força que pede cancha, unindo no mesmo açoite
Sul e norte, dia e noite, Lua e Sol, Gato e Mancha
E, agora, frente ao futuro, sinto a mesma ansiedade
E não escondo a vaidade quando encilho um pêlo duro
Num aparte não me apuro porque ele sabe o volteio
Pois, se o boi me faz floreio, um buen criollo dá o troco
Se arranca e, por muito pouco, não me tira dos arreios
Crioulo, pingo campeiro que enche os olhos da gente
Na paleteada, é um valente sendo sereno e certeiro
Do ginete, é um companheiro, um do outro, testemunho
Agarrados punho a punho, são payador e guitarra
Um ajoja, o outro esbarra e, sobre patas, um só redemoinho
Foram Zainos e Rosilhos, virão Picaços e Mouros
Em busca do mesmo ouro, reluzindo o mesmo brilho
Marcando bem mais o trilho onde a beleza e a função
Nos mostram que a evolução é a força que nos garante
Que o Crioulo siga a diante sem perder a tradição
E, agora, frente ao futuro, sinto a mesma ansiedade
E não escondo a vaidade quando encilho um pêlo duro
Num aparte não me apuro porque ele sabe o volteio
Pois, se o boi me faz floreio, um buen criollo dá o troco
Se arranca e, por muito pouco, não me tira dos arreios
Não me tira dos arreios, não me tira dos arreios