Milonga do morto

Eu o sonhei nesta casa
Entre paredes e portas Refrão
Deus permite aos homens
Sonhar com coisas não tortas

Uma de tantas províncias
Do interior foi sua terra
Não convém que se saiba
Que morre gente na guerra

Refrão

Trabalhou-se com muita prudência
Tabu-se de um modo prolixo
Lhe entregaram a um só tempo
O rifle e o crucifixo

Ouviu as vãs arengas
Dos vãos generais
Viu o que nunca tinha visto
O sangue nos areais

Ouviu vivas e ouviu morras
Ouviu o clamor da gente
Ele só queria saber
Se era ou se não era valente

Soube naquele momento
Em que lhe entrava a ferida
Disse Não tive medo
Quando lhe deixou a vida

Sua morre foi uma secreta
Vitória. Não se assombrem
Que me dê inveja e pena
O destino daquele homem

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