Retrato do Meu Avô

Galvão

Fui conhecer a fazenda
Onde meu avô morava
Fiquei surpreso ao ver
O que não imaginava
Debaixo de uma figueira
Coberto pelas ramagens
Um velho carro de boi
Que no passado ele foi
Ser transporte pra cidade

Ao lado dessa figueira
Um galpão abandonado
Os esteios corroídos
Pelo tempo já passado
No palanque da mangueira
Que ele amarrava o gado
Notei que era moradia
Porque ao redor havia
Belo roseiral plantado

Quando entrei na moradia
Fiquei perdido no espaço
Vi na parede um berrante
Sobre a rodia de um laço
As rédeas e a barrigueira
E também os barbicachos
O chapéu de boiadeiro
A sela e o baixeiro
Que ele arriava o picaço

Voltei pra casa chorando
Meu coração em pedaços
Jamais pensei que o destino
Fosse assim tão ingrato
Entrou pelo meu caminho
Interrompendo os meus passos
A mim só resta a dor
Por conhecer meu avô
Somente pelo retrato

Ai meu Deus como eu queria
Que meu avô fosse vivo
Assim eu teria ele
Agora junto comigo
Mas sei que não é possível
Isso é coisa do destino
Meu avô pode esperar
Quando Jesus me chamar
Vou morar junto contigo

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