Velho Piano
Dorival Tostes Caymmi, Paulo Cesar Francisco Pinheiro
Ah! O amor muda tanto
Parece que o encanto
O cotidiano desfaz
Feito um verso jogado num canto
De um velho piano
Que não toca mais
E ele estende seu manto
Feito um soberano
E vem como um santo
Mas parte profano
Parece um cigano
Não volta jamais
Ah! O amor causa espanto
O amor é o engano que traz
Desengano por trás
E no entanto
Todo ser humano
Por ele faz plano demais
Erra demais
Ai, é o amor, barco tonto
Num vasto oceano
De riso e de pranto
De gozo e de dano
E como é mundano
Não pára no cais
E quando quer paz
É tarde demais