Anoitecer
No campo ressecado vento havia
mas na floresta nada se movia
Trevas soturnas, diurnas, noturnas
coisas turvas o calor escondia
O vento desceu dos montes gelados
rugindo em ondas qual mar agitado
os ramos fremiam, a floresta bramia
de folhas o chão estava forrado
De Oeste para Leste o vento em festa
cessara o movimento na floresta
mas aguda efatal, pelo pantanal
sua voz sihilante uiva e protesta.
Assobia o capim curvando as flores
batem os juncos, seguem-se temores
sobre o lago agitado um céu calado
nuvens correndo rasgadas e horrores
As desertas montanhas lá se vão
Varre ele agora a toca do dragão
trevas e negrume, pedras em cardume
fumaça impregna o ar de escuridão
Deixa o mundo e sua fuga continua
sobre os mares da noite ele recua
Ao som doce da brisa a lua desliza
acende-se uma estrela e a luz flutua