Laranja Azeda
Pipa de papel de seda
Que subiu no vento
E que foi embora
Quando o amor é desatento
É que o sofrimento
Não escolhe a hora
Bumba boi da cara preta
Não me faz careta
Não me apavora
Quando o amor é por acaso
Chega sem atraso
Parte sem demora
Flor que não tem cor nem cheiro
Que não tem dinheiro
Que possa pegar
Cresce sem eira nem beira
E não tem fogueira
Que possa queimar
Doce de laranja azeda
Que devora a mente
E que se devora
Quando o amor é dependente
É que naturalmente
Já não revigora
Luz da nau catarineta
Bodas do capeta
Com nossa senhora
Quando o amor só vê seu ego
É que ficou cego
Na primeira aurora
Flor que não tem cor nem cheiro
Que não tem dinheiro
Que possa pegar
Cresce sem eira nem beira
E não tem fogueira
Que possa queimar