Cem Anos de Perdão
Vejam só, quando vim do meu trabalho
Conferindo o meu salário
Que muito mal dá pra comer
Não sei, se pareço milionário
Ou se tenho a cara de otário
Para dois pilantras virem me render
Um de boné na cabeça,
Todo de preto e um cano na mão
O outro de branco dizia:
"É um assalto, passe essa grana sem vacilação"
Vocês se deram mal
Sou um operário e não estou com nada
Vocês vão levar uma grana suada
Que eu muito custei a ganhar
Esse mês descontaram
INPS e um vale atrasado
Imposto de renda, paguei sindicato
Faltei na segunda, perdi o feriado
Na minha carteira só tem é papel
Veja o meu desespero
Pois só me restam quarenta cruzeiros
Que eu pretendia pra casa levar
E o pilantra chorou
De tanta tristeza na minha cachola
Guardou o revólver, abriu a sacola
Me deu duas pernas, me mandou embora