No Braseiro da Mourama

Já vomitados do mar
E arremessados pelas ondas
Com febres de qualidade
Que com a vida fazem contas

Mais do que tudo era acudir
A esta fome que remonta
Mas não conhecendo o latim
Desta gente que nos ronda

Lá saía quem melhor sabia
Com a voz da galinha
Ou daquele outro animal

Uns com os braços
Fazem cornos na cabeça
Esses mugindo como o boi
E outros balando como ovelhas

Coisas de toques e pouco mais
Anunciávamos nossos conceitos
De viandas debiques e outras que tais

E oferecemos panelada
E foi de calda de cidrão
E cada qual metia as mãos
E a punhadas pelo quinhão

Uns sobre os outros vão comendo
Em toques e lambeduras
E na balbúrdia e confusão
Na untadela da gordura

Lá molhavam a mão naquela calda
Tocando a do mais vizinho
Lambida daquela untura
Se já provada pelo outro
Lá ficou

Lambendo também a sua
Ajustada naquele outro
E fazendo das sandálias colheres
Vão engolindo toda aquela marmelada
Com tão valentes e tão limpas colheradas

E um coitado fora de si
Pelo calor alucinado
Mais dizia que vinha
De um forno de cal naquele estado

E para onde?
Para Alfama dizia o próprio diabo
Mas estando na Guiné
Então por onde queria ir

Apontando o rio de um tamanho tanto
Acudiu que partiria por aquele imenso campo
Tão metido a quente em brasas e chamas
Revira os olhos o tolo no braseiro da mourama

Apertado do mal por acudir
Escalavrado descalço e desfigurado
Lá vai bulindo em danças de febre a tinir
E nunca gato com trambolho nem burrico
Com chocalho ficariam tão contentes
Do que este tolo indo p'ra Alfama de abanico

Wissenswertes über das Lied No Braseiro da Mourama von Faust'o

Wann wurde das Lied “No Braseiro da Mourama” von Faust'o veröffentlicht?
Das Lied No Braseiro da Mourama wurde im Jahr 2011, auf dem Album “Em Busca das Montanhas Azuis” veröffentlicht.

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