Francisco de Assis
Sou eu que atravesso pisando mansinho
Na areia branquinha de um velho estradão
As vestes compridas calçando as sandálias
Na minha cintura eu levo o cordão
No ombro eu carrego um manso pombinho
Que tem a clareza branquinha de um giz
Eu sou um andante viageiro do mundo
Eu sou simplesmente Francisco de Assis
Sou eu que visito o cão machucado
Deitado num canto uivando de dor
Invés de remédio pro seu ferimento
Apenas derramo um pouquinho de amor
Às vezes me sento ao pé de um barranco
Quem passa na estrada nem olha pra mim
Estou no silêncio aí conversando
Com um louva-Deus na flor do capim
Depois eu retorno pras águas da fonte
E as aves canoras ali vem se banhar
Estou novamente voando no espaço
E o vento me leva pras águas do mar