Colcha de Retalhos
A brisa desliza enxaguando o firmamento
O vento carrega suspiro e pólen pelo ar
O pingo de chuva sustenta o mundo em sua mão
Tadinho, fininho, se encharca no oceano irmão
O ser decadente é o universo e nada é
Mamilo da mama afoga a fome, afaga a fé
Concílio dos lírios
Passarinho cantando segredo
Fere o véu da mata
Nobre linho, seda dos delírios
Lírios, delírio
O luá num vai brilhá nunca mais
Se teu zóio num me mirá nunca mais
Passarim num vai cantá nunca mais
Se tu num me namorá nunca mais
Ando meio aperriado
Com esse verbo travado
Preso na minha garganta
É de enrolar as mãos
De persignar o cão
Salpicando na areia minha sina em oração
Tudo zumbindo a orelha
Zomba de menina feia
É de enfiar as unhas nessa linda lua cheia
Além da nuvem existe ainda outra porção
De estrelas que colhem os dias que se vive em vão