Pulso e Navalha

Paulo Monteiro

Há tanto tempo ambos estão a sós
O tempo num pulsar continuo e veloz.
Na vitrine uma velha sina olhando cinzas passadas
Retratos na parede só relembram, não resolvem nada.


Quando a neblina cai
Sobre a cidade em paz
Eu vejo a imensidão escura e tremulada.
Passado tatuado no presente só castiga a alma.


Pessoas que movem planos e sonhos
Futuro que vê há cada amanhecer
Nossos destinos negros tomar rumos estranhos


Nessas noites cálidas
O meu silencio sempre fala por mim
Pulso e navalha
Às vezes se esbarram
E por um triz ainda estou aqui


Há tanto tempo eu não to legal
Esperando a aurora, tua volta ou o juízo final.

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