Espelho das Águas
Quem inventou a distância
Não conhecia a saudade.
Eis uma grande verdade que alguém escreveu.
Nunca dormiu com a ânsia
De ter a felicidade que foi morar na cidade
Conheceu outro amor e já me esqueceu.
Éramos dois passarinho, crianças traquinas
Correndo no verde daquelas campinas
O céu era nosso pedaço de chão.
Você me deu uma flor e eu te fiz um poema,
Igual a dois peixes numa piracema
Subimos o rio e deu-se a paixão.
Ainda guardo a pétalas daquela rosa
E quando eu dedilho a viola chorosa
Parece que o vento entende a minha dor.
E sopram assovios banhados de mágoas
Eu olho o meu rosto no espelho das águas
E o vento me diz chora meu cantor.