Navio Negreiro
Doloroso imaginar
Que o tumbeiro me leva sobre o mar
Tanto azul embaixo de mim
E acima de mim vibra o ar
Aqui dentro a escuridão
Me estrangula sou rei de uma nação
Meu tesouro é a água e a luz
Os vales e a amplidão
Eu sou a gazela, eu sou o leão
Meu templo era verde
A missa era dança
E o brilho do sol meu pão
Mas a escravidão me anoiteceu
Vou virar um quilombola
Um apóstolo da insurreição
Nossa voz tolhida no lar
No mar da lamentação
Se erguerá do cafezal, do Transvaal
Como as cabeças da hidra
Uma voz é a lança Masai
O Reino Songhai, a visão
Eu sou o escuro, eu durmo desperto
Eu tinha o deserto, a Lua, o poente
Presentes de Oxalá
E na escravidão não vou clarear
Vou virar um quilombola
Um apóstolo da insurreição
Nossa voz tolhida no lar
No mar da lamentação
Se erguerá do cafezal, do Transvaal
Como as cabeças da hidra
Uma voz é a lança Masai
O Reino Songhai, a visão
Eu sou o escuro, eu durmo desperto
Eu tinha o deserto, a Lua, o poente
Presentes de Oxalá
E na escravidão não vou clarear, não vou clarear
Não vou clarear, clarear