Pensador (part. Robledo Martins)
Sou pensador de palavras
De verdades desmedidas
E só por mim, ganham vida
Quando saem campo afora
Tenho ideias de campo
De várzeas e em temporais
Que por serem estendidas
Às vezes falam demais
Sou pensador do que vejo
Nesta distante viagem
Os olhos guardam a imagem
Apenas do me cabe
O resto se vai na sanga
No rastro da correnteza
Feito quem fecha seus olhos
Frente tamanha clareza
Sou pensador de confiança
Sejam dos outros ou minhas
Mas que nunca estão sozinhas
Por serem mesmo verdades
Nunca entendi o contrário
De quem se escondem da luz
Que ao próprio rastro se perde
E nem o seu rumo conduz
Sou pensador do que quero
Sem apontar a ninguém
E penso o que me convém
Pela razão que me guia
Não tenho medo de fato
Que alguém me aponte por roubo
E, embora a razão me diga
Não me convenço por pouco
Sou pensador de silêncios
Escuro mais do que falo
Frente a tantos me calo
Pra aprender suas palavras
Da vida nada se leva
Se deixa apenas lembrança
E o que pensei por verdade
Há de ficar nesta herança