Na Janela

Sílvio Costa

Os meus dias findam nas colinas
Os meus olhos teimam em olhar
Só lembranças ficam nas retinas
De um tempo que não voltará


Os meus sonhos morrem nas auroras
Os meus medos fazem-me calar
Beijo o sol enquanto passam as horas
E o silêncio vem me acompanhar


O mourão prostrou-se ante o tempo
O galpão mudou-se de lugar
O piquete é túmulos e ventos
Nem os quero-queros vivem lá


Poças d'água não são mais espelhos
Pra que a lua possa se olhar
Uma trilha espessa de cimento
Roubou minha rua do lugar


(pre-refrão)
"Cada mate é um gole de lembranças
Dessas que o peito não suporta
Almas que galopam na estância
Entram sem que alguém abra a porta


(refrão)
O presente invade o meu passado
E o futuro quer o meu lugar
Nessa noite eu vou montar no baio
E pra querência eterna viajar"


(seguindo o som do 2º e do 4º trecho)
Eu já posso ver os quero-queros
E a porteira que aberta está
Um peão com um gesto tão fraterno
Me convida para chimarrear

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