Tributo A Um Payador (à Jaime Caetano Braun)
Payador que vens da pampa
teu vulto é mais que legenda,
pois não ficastes em lendas
nem perdido campo a fora,
quando calçaste as esporas
para amores mal domados,
tal qual um potro aporreado
bufando de contra o vento,
cinchaste pátria nos tentos
para teu rincão sagrado.
Quando bandeaste fronteiras
não respeitando divisas
troxeste do pago de Urquiza
esta barbara tenência
de ir cortando querencias
sem ter descanso ou sossego,
a entregar os teus segredos
para o andejo coração
pois nada mais que a emoção
carregas entre os pelegos.
Com este entorno de taita, na força dos quatro ventos
trazias na cor do lenço muito mais do que uma herança
e a guitarra, feito lança, ressonando em emoção
milongueava nos bordões, junto ao braseado compeiro,
contraponteando o gaiteiro em derredor dos tições.
Sempre havera um payador
neste chão continentino
Riograndense ou correntino
sem distinção de raça,
pois a história se retraça
trazendo para o galpão
cruzando fogão em fogão
na campeira fidalguia
e a galponeira franquia
das veredas deste chão.
Teu vulto sempre haverá
enquanto existir um gaúcho,
que aguentando o repuxo
num jeitão meio aragano,
poderá ser castelhano
ou riograndense pelo duro,
mas teu cantar sempre puro
ecoará por esta pampa
retratado na estampa
do gaudério que aqui cruza.