Payador
Chapéu quebrado de tempo
No tipo de domador
Na verdade é um payador
Mescla de índio teatino
Peão de estância sem destino
Capataz e patrão
Sementes em brotação
No pago continentino
Seus braços cheios de ânsia
Se arrinconam na guitarra
Seus dedos são como garras
Manoteando sons estranhos
Buscas nos tempos de antanho
O futuro que anuncia
Quando transforma em poesia
Um mundo deste tamanho
Olhar profundo de pátria
Rasgando o bronze da cara
É sangão de águas claras
Com profundezas de oceano
Ronda o maula tirano
Que lhe invade a sesmaria
Quando ataca é fera bravia
Defendendo o chão pampeano
Seu corpo é como palanque
Cravado sobre a coxilha
Por onde nasce a flexilha
Trazendo seiva e essência
Mostrando a imponência
Do macho que se agiganta
E vigilante se encanta
Bombeando sua querência
O payador é um gênio
Que transforma tempo e era
É um duende de tapera
Cheio de encanto e mistério
É assombro de cemitério
Fantasma folclore e lenda
Não há maneia que o prenda
Payador nasce gaudério