Urinaldo
Roberto Dieiz
Nãããããããoooooooo! Não
Veio a São Paulo à procura de sucesso
Sonhos desabados na cidade do progresso
Pobre Urinaldo que vida haja lenha
Tem 6 filhos e a mulher ainda esta prenha
Cinco da manhã, o desespero, trem lotado!
Sente na sua bunda, o pau duro de um tarado!
E na sua cara o sovaco de um negão!
Anda bicheira, chega logo na estação.
Não Urinaldo, não, não!
Urinaldo, não, não!
Hora do almoço, a barriga ta roncando
Corre Urinaldo, "cê" ta quase desmaiando
Puta urucubaca, que porra de zica
Pois lhe deram um bonde e levaram a marmita
Todo o dia cinco é aquela baixaria
Pois no hollerith vem aquela mixaria
Como viver? Oh Deus! Como posso?
Levar essa vida, com salário de fome!
Não Urinaldo, não, não!
Urinaldo, não, não!