Desde Que Você Morreu Pra Mim

Iuri Calado

Vamos a uma nova ilusão
Talvez que a vida tenha um novo inicio
Depois de tanto sacrifício
Cai-se tudo de novo no mesmo maleficio
Estou cansado de sentir remorso, culpa, medo e insegurança
Talvez nunca nunca mesmo, era pra ter tido alguma esperança
Todas as pessoas que conheço só aparecem para ir embora
Queria nunca ter tido ideia alguma, do que é ser iludido e abandonado

Já é mais do que tarde demais
Olhando pra essa tão brilhante lâmina, reflito sobre o começo do final das coisas
Relutantemente tudo só volta para o mesmo estado de letargia
Desesperança e agonia
O resumo da minha vida, se ecoa em ciclos destrutivos
O que afinal seria agonia?
Após tantas vezes que ja deixei o tempo ir
A vida se torna uma grande espera por coisas

E pessoas que nunca chegarão
Já penso que algo construtivo se ergue a partir do ódio
Ele sempre me liberta para cada vez mais alimenta-lo de novo
Me consumindo pela raiva e uma incansável ânsia de frieza
Saia de mim
Como uma praga incorporada a meu ser, você nunca sai de mim
Praga, nojenta, mente inútil, esquece, esse expurgo

Por todo o tempo possível eu quis ficar com você, você simplesmente escolheu ir embora e me abandonar, como todas as pessoas que já conheci
Você não acrescentou nada, nisso eu só perdi, meu tempo esforço e vitalidade
Em uma doença, uma bulimia passional, sua, despejando suas fraquezas em mim
Todos os dias eu me arrependo, de ter feito tanto
A cada dia eu me forço mais, a esquecer
Eu me sangro em lutas inúteis

A força já não me rende mais para continuar a tentar fazer cada vez mais frustrações
Que me iludem em algum dia algo sair dessa rotina tão destrutiva
Já que a vida só me rende lamentações e tristezas
Dela já não esperarei mais nada
Não lutarei pelas pessoas, só luto por mim, pois eu sou o único que não me abandonarei e não irei deixar, me abandonar, assim, não de novo
Não sei o que eu espero, nem o que eu quero
Numa desolação momentânea que se ecoa várias vezes

Me perco por pesamentos pesados e decepcionados
Numa ironia, talvez do destino, carrego um fardo que no fundo não quero me livrar
Já não se tem mais esperança, olho pra dentro e só vejo minhas partes desmontadas numa serenidade doentia ou quase sufocante
Grito por dentro, grito por fora e nada nunca mudará o acontecido
Acho que está na hora de encarar e deixar tudo passar
Já passou na verdade ou nunca esteve parado, tudo mudou, ainda suplico à meu consciente para pensar no que isso se baseou

Não teve sentido nenhum, é hora de reunir detalhe à detalhe
Varrer essa angústia que tripula em minhas expressões e conclusões
É tanto medo que eu tenho de hoje, a afirmação seria insanidade?
Tudo foi em vão, nada valeu a pena, nem nunca valerá, isso sim é mais que certo continuo à esperar, o que eu não sei, talvez só queria acordar
E ver que é mentira, qual seria a verdade?
Talvez eu queira escolher uma pra acreditar, anestesiaria a dor
Mas não mudaria nada de qualquer maneira

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