O Mate
Das gargantas dos guiará
Se esparramou por aqui
Era o cá
Quente ou frio conforme o caso
Banhando em verde o ocaso
Da conquista guarani
Era a América, era a selva
A cachoeira desatada
O chão da terra molhada
Verde eterno no seu pranto
A erva o remédio santo
De uma raça violentada
Quando o rio grande nascia
Já no século dezoito
Trazendo no gesto afoito
Fome de pátria e fronteira
Cortava a cuia campeira
De um fruto em forma de oito
É o gaúcho que surgia
Como um centauro do chão
Abrindo rumo a facão
Pelas páginas da história
Alvoreceu para a glória
Tendo uma cuia na mão
Ao desenhar a fronteira
Do Brasil e da Argentina
Do Uruguai a cristalina
Deu ao rio grande sul
O galpão como cantina
E no galpão foi o mate
Cachimbo da paz e flor
Foi a fonte de calor
Que irmanou americanos
Fazendo todos hermanos
No mesmo ritual de amor
E quando o gaúcho viaja
Entre os trastes do conjunto
Antes de qualquer assunto
Até do fiambre de viagem
Seu mate vai na bagagem
E o rio grande que vai junto
Assim é o mate e foi Deus
Que inventou o chimarrão
E o índio nessa ocasião
Quando a saudade se expande
Tem o mapa do rio grande
Dentro da palma da mão