Alambre de Puas
Galho de roseira seca
Estendida pelo campo
Machuca o corpo do vento
Que geme contra teu grampo
Quem foi que tirou teu tento
Do couro de algum mandinga
Cheio de farpa pérdida
Pra andar abrindo ferida
Na querência que amo tanto
Do encontro do meu gateado
Num dia de ver a prenda
Ficou a primeira renda
Que deixei no teu farpado
Te meti chave de arame
Pra bem de te dar costeio
E me mandaste um puaço
Num bárbaro cimbronaço
De me atorar pelo meio
Mil vezes te derrubei
Mil vezes te levantaste
E o passo que me cortaste
Eu nunca mais encontrei
Sete cordas de arrogância
De nada para me dar
Mas se me resta lembrança
Foi quando perdi a distância
Que eu aprendi a cantar
Quem prende pelos punhais
Pastiçal, crina de égua
Prendeu o tempo das léguas
Que é o tempo do nunca mais
Quando perdi o horizonte
Me restou consolação
Ver teu espinho pequeno
Chorar gotas de sereno
Por viver preso a um moirão