Você Diz
Você diz, eu acredito
Desafeto, me demito
Mesmo teto, mesmo grito
Predileto, favorito
Você chora, eu acalento
Me adora, te atento
Me devora, te fomento
Me 'estora' meu ungüento
Você samba, eu contradanço
Botequins, nunca canso
Bairros chins, loucos mansos,
Borzeguins, poucos ganchos.
Você acha, avalio
Acha graça, desconfio
Me engraxa, me afio
De borracha nosso 'fio'.
Depois você diz
Que me levará a Paris
Que me tingirá com anis
Que me exporá nos Brazis
Meio-dia eu acordo
Você dorme eu te mordo
Me confia nosso acordo
Você some pinto e bordo.
Chega cedo eu te embalo
Perde o jogo, bato o carro.
Tem teu dedo em meu estalo
Tem teu fogo em meu cigarro.
Você estuda, eu aprendo
Você conserta, eu construo
Você ajuda, eu atuo
Você acerta, eu remendo.
Outro dia eu levanto
Outra hora eu te conto
Cantoria eu te canto
E agora eu desmonto.
Depois você diz,
Teu nome nos céus dos Brasis,
Um amor dos mais gentis,
Que nunca será tão feliz.