Portal
Tenho um redomão tordilho
Igual a geada que esquenta
Este fogão que me aguenta
Um pouco mais apargueando
Há muito espera escarvando
Por conhecer as geleiras
De outras vidas tropeiras onde foi pingo escarceando
O meu bragado mestiço
Por conhecer outras eras
Traz no couro a primavera no colorido das pragas
Que herdou por certo das cargas
Em que os tentavam lanceiro
E desencarnou oveiro no sangue frio das adagas
No sangue frio das adagas
O meu gateado cruzão
Portal de tempo e distancia
Que veio a ser nesta infância que o meu guri carecia
Cruzar portal, fantasia
E se apear do petiço
Para aprender meu ofício
Portal de campo e poesia
Portal de campo e poesia
" talvez ande nos bolichos
Numa capa colorada
Meu zainito madrugada que na cancha era um trovão
E sumiu na escuridão no buçal dum salamero
Desencarna um palhereiro
Pra o sustento de um ladrão
O meu picaço aragano,
O meu picaço aragano já não entende esse mundo
Nas garras de dom segundo deve ter sido um pingaço
E não entende o que faço neste meu tempo sem luz
Se já viu cristo da cruz devo entender meu picaço "
O colorado caudilho
Renasce nos meus apelos
É o couro do meu sombreiro
É louca em cordas campeiras
Estrivo, pampa e peiteira
Alma e prata refletidas
Meu pingo retorna a vida num par de botas potreiras
Assim te vejo tropilha
Pelagem de tempo e luz
Cada um sinxando a cruz que deus oferta a quem nasce
E mesmo que o tempo passe
Oveiro negro mestiço
Há de seguir nosso ofício para quem teima e renasce
Para quem teima e renasce
O meu picaço aragano
Já não entende este mundo
Nas garras de dom segundo deve ter sido um pingaço
E não entende o que faço
Neste meu tempo sem luz
Se já viu cristo na cruz devo entender meu picaço
Devo entender meu picaço
Assim te vejo tropilha
Pelagem de tempo e luz
Cada um sinxando a cruz que deus oferta a quem nasce
E mesmo que o tempo passe
Oveiro negro mestiço
Há de seguir nosso oficio para quem teima e renasce
Para quem teima e renasce
Para quem teima e renasce