É Pokas!
Ensinada a dar os primeiros passos
Já desviando os olhares, não pise em falso
Não encare, se cale
Se prepare pro concurso de beleza
Que a sua inteligência não vale
Mantenha as aparências, não fale
Sorria, você tá sendo filmada
Medida, domada
Pra ser domesticada, sorria
Mesmo violentada, permaneça calada
Deve ser recatada, sorria, sorria
Mas nem tanto não ser taxada de vadia
A culpa é sua quando ele te assedia
Nem pense em reagir, isso seria ousadia
Não seja arredia, desvia, desvia
Até a hora que cê vai encontrar
Um homem pra te honrar
Proteger e te dar um lar
Pera lá, minha cota eu quero em dólar
O seu plano não cola
Ajoelha e implora por perdão
Fala em nome de Deus, pregam alienação
Eles protegem os seus e mandam na televisão
Tem a ver com o capital
Estratégia de opressão
Eles são donos do poder
Nós somos donas da revolução
Se eu disser não é pokas
Pro seu sermão é pokas
Eu não tô a disposição
Seus vacilão é pokas
Cai na real, é pokas
Não dou moral, é pokas
Não passarão, não passarão
Religiosos votam leis
Criminosos seguem sem punição
O sistema culpa a vítima, isso é regra e não exceção
Nós somos as netas das bruxas que vocês não conseguiram queimar
Não vão nos silenciar
Por nós, por mim, pelas outras
Já falei pra vacilão é pokas
E nós não vamos parar
A carne mais barata do mercado é da mulher
Preta, pobre, de periferia
Nós vamos acabar com esse legado
Esse rastro de morte, que somos a maioria
Não vamos pela fé nem pela sorte
Nós somos de luta
Cansamos de luto
Nós somos a maioria
Meu corpo não é seu produto ou mercadoria
Não é bem de consumo
E nós somos a maioria
Por nós, por mim, e pelas outras
E pelas nossas crias
Não passarão, não passarão
Não passarão, é pokas
Se eu disser não é pokas
Pro seu sermão é pokas
Eu não tô a disposição
Seus vacilão, é pokas
Cai na real, é pokas
Não dou moral, é pokas
Não passarão, não passarão