Sobre Um Duelo No Pampa
Dois tauras estão frente a frente
Tendo o campo por arena
O que hoje são dois valentes
Será amanhã um apenas
A mente impulsiona o braço
Que rasga o ar num assobio
Porém o bote do aço
Tão só golpeia o vazio
É o mesmo ritual antigo
Sobre a quietude pampeana
Bento Amaral ou Rodrigo
Qual deles verá Bibiana?
Quem sobrevive? Quem morre?
Qual o mais destro na adaga?
O outro: Bento ou Onofre?
Qual dessas velas se apaga?
Bailando assim no compasso
Como um tango - em desafio
O gume cortando o espaço
Não faz brotar nenhum rio
O rio que escapa do leito
Que brota rubro e se esvai
É o que nasceu do seu peito
E tem a morte por cais
Pouco importam os nomes
Menos ainda os motivos
Na velha sina dos homens
Pra morrer, basta estar vivo