Dédalus

Marcus Vinícius

Carretel desenrolado
No labirinto do lábio
Na boca desembolada
Dedos dédalos de nada
Na boca desembolada
Dedos dédalos de nada
Carretel desenrolado
No labirinto do lábio

A viola violada
No dia a dia danado
Na marca que deixa o dente
Dente que deixa dentada
Dentada que deixa dor
Ai dentadura danada
Coitado do cantador perdido
No dedilhado desacatado
Na rima mete a viola
No saco para ela ficar calada
Dedos dédalos de nada

A direção do destino
E a viração do ditado
O dito pelo não dito
E o mundo sem cadeado
No peito do cantador
O lance do novo dado
Quem queria tudo isso
Foi pelo dedo apontado
Ficou perdido na fala
Entre o ser e o não ser nada
No labirinto do lábio
Na boca desembolada

Carretel desenrolado
No labirinto do lábio
Na boca desembolada
Dedos dédalos de nada
Na boca desembolada
Dedos dédalos de nada
Carretel desenrolado
No labirinto do lábio

Perigo sobre perigo
Tramela tranca e trancada
Na trama do trava língua
Cuidado sobre cuidado
Não esqueça quem falou
Do lance do novo dado
Da direção do destino
Da viração do novo ditado
Do teclado saiu tiro
E o brilho do dedilhado
Já fora do labirinto
Carretel desenrolado

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