A Entrevista
Estou pedindo, por favor, meus bons amigos
Fiquem um pouco comigo, com vocês quero falar
Peço, também, que cada um puxe a cadeira
Não reparem, é de madeira, mas dá bem pra se sentar
E acreditem, estou muito agradecido
Por terem me concedido hora pra me escutar
É uma prova de que todos que vieram
Certamente, não quiseram meu convite recusar
Meus familiares, no momento estão ausentes
Aos amigos e parentes saíram para visitar
Por muitas vezes, sonhei com este momento
Porque meu depoimento pode lhes interessar
Todos meus filhos criei com muito carinho
E lutei sempre sozinho pra lhes dar o que comer
E fiz de tudo pra lhes dar tranqüilidade
O caminho da verdade, eu mostrei para viver
Lhes dei escola, do primário a faculdade
Que foi, na realidade, tudo que não pude ter
E, no entanto, por eles sou criticado
Dizem que está superado tudo que vou escrever
Tudo que escrevo para eles tem defeito
E me encontro sem direito do passado reviver
Mas se esquecem da viola de madeira
Que sustenta a casa inteira Temos que agradecer
Meus bons amigos vejam esta correção
Vê se não tenho razão de chorar como chorei
E verifiquem entre os discos estrangeiros
Que não tem um brasileiro, a não ser os que comprei
Eu não suporto este som exagerado
Além de ser importado, de que país eu não sei
Me fere tanto estes discos forasteiros
Que foi pago com dinheiro, que na viola ganhei
E se possível, meus amigos da imprensa
Tomem uma providência, que lhes agradecerei
De qualquer forma, meus amigos jornalistas
Agradeço essa entrevista, porque me desabafei