Fado das Violetas
Fado das Violetas (As Quadras D'Ele II Poetas)
Perguntei às violetas
Se não tinham coração,
Se o tinham, porque escondidas
Na folhagem sempre estão?!
Ai as almas dos poetas
Não as entende ninguém
São almas de violetas
Que são poetas também.
Andam perdidas na vida,
Como as estrelas no ar
Sentem o vento sofrer
Ouvem as rosas chorar!
E eu que arrasto amarguras
Que nunca arrastou ninguém
Tenho alma para sentir
A dos poetas também!
Bendita seja a desgraça,
Bendita a fatalidade,
Bendito sejam teus olhos
Onde anda a minha saudade.
1ª e 5ª Quadras: Florbela Espanca (1915-1917), As Quadras D'Ele II, in Trocando Olhares
2, 3ª e 4ª Quadras: Florbela Espanca (1915-1917), Poetas, in Trocando Olhares