Vidigal - Cais do Sodré

O Vidigal ficou pelas costas
Na proa cantava o horizonte
O mar dobrava as apostas
Sem praia sem ilha sem ponte
Camões escrevia respostas
Verde branco azul anil
Um porto na ponte 25 de abril

Levei o que deu pra levar
Um samba a curar no porão
Um canário que parou de cantar
Um surdo que deixou o trovão
Uma Cuica que não sabe chorar
Da viola, leviano coração
Batida nova velho tamborim
O que der pra lembrar, do amor que há em mim

100 dias entre o céu e mar
Amyr, Cabral, Moacyr
Terra à vista no além-mar
Um cavaco que herdei de Waldir
Sextilhas escrevi pra cantar
Na hora que a mouraria luzir
Meu leme se chama Copacabana
Sobrenome Alfama

Desembarquei no Cais Sodré
No cais das colunas hasteei a bandeira
Fiei no colar minhas pedras de fé
Nas sete colinas um coração na ladeira
Quem fecha os olhos tem fado no pé
Na feira da ladra há uma benzedeira
Um Tejo corre no mês de Janeiro
Cada solo que pouso um novo terreiro