Canção do Africano

CASTRO ALVES

Lá na úmida senzala
Sentado na estreita sala
Junto o braseiro, no chão
Entoa o escravo o seu canto
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão

De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava
Que tem no colo a embalar
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde
Talvez, pra não o escutar

Minha terra é lá bem longe
Das bandas de onde o Sol vem
Esta terra é mais bonita
Mas à outra eu quero bem

O Sol faz lá tudo em fogo
Faz em brasa toda a areia
Ninguém sabe como é belo
Ver de tarde a papa-ceia!

Aquelas terras tão grandes
Tão compridas como o mar
Com suas poucas palmeiras
Dão vontade de pensar

Lá todos vivem felizes
Todos dançam no terreiro
A gente lá não se vende
Como aqui, só por dinheiro

O escravo calou a fala
Porque na úmida sala
O fogo estava a apagar
E a escrava acabou seu canto
Pra não acordar com o pranto
O seu filhinho a sonhar!

O escravo então foi deitar-se
Pois tinha de levantar-se
Bem antes do Sol nascer
E se tardasse, coitado
Teria de ser surrado
Pois bastava escravo ser

Minha terra é lá bem longe
Das bandas de onde o Sol vem
Esta terra é mais bonita
Mas à outra eu quero bem!

O Sol faz lá tudo em fogo
Faz em brasa toda a areia
Ninguém sabe como é belo
Ver de tarde a papa-ceia!

Aquelas terras tão grandes
Tão compridas como o mar
Com suas poucas palmeiras
Dão vontade de pensar

Lá todos vivem felizes
Todos dançam no terreiro
A gente lá não se vende
Como aqui, só por dinheiro

Wissenswertes über das Lied Canção do Africano von Nação Karirí

Wer hat das Lied “Canção do Africano” von Nação Karirí komponiert?
Das Lied “Canção do Africano” von Nação Karirí wurde von CASTRO ALVES komponiert.

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