A Sina do Véio
Num tem nada mais ingrato
Do que a velhice chegando
As mão vai perdendo o tato
As pernas se trambicano
Móia o bico do sapato
Pra mijar é um aperrei
Cocô num faço em penico
Se acocorar dói o juei
Quanto mais velho eu fico
Cada vez fico mais féi
Ai, ai, ai!
Ai, ai, ai!
Ai, ai, ai!
Ai ai ai ai ai ai ai ai!
As trôxa se esvazeia
A péia vira pelanca
Vai crescendo a subranceia
E a piroca empanca
A voz vai ficando feia
E as zureia se encabela
Os ossos se distióra
Os quarto desencadela
Mais passa o tempo, pióra
Mais o véi se dizunera
Ai, ai, ai!
Ai, ai, ai!
Ai, ai, ai!
Ai ai ai ai ai ai ai ai!
Os treco é tudo encruado
Dá dor da goela à canela
Os orgão é incriquiado
Inchechelento é a chinela
O figo é distiorado
O coro é todo incardido
Dói istombo, dói pulmão
Não sinto os meus pissuido
O véi num tem mais tesão
Os troço é tudo caído
Ai, ai, ai!
Ai, ai, ai!
Ai, ai, ai!
Ai ai ai ai ai ai ai ai!
Houve um tempo, o véi gostava
De ruiva, loira, morena
Todas zela eu futricava
Eu botava era sem pena
Chega a pimba desbotava
Nos meu tempo de rapaz
Já fiz muita estripulia
Mas foi muito tempo atrás!
Eu coisava todo dia
Eu tô véi, num coiso mais!
Ai, ai, ai!
Ai, ai, ai!
Ai, ai, ai!
Ai ai ai ai ai ai ai ai!
(Bis)
Houve um tempo, o véi gostava
De ruiva, loira, morena
Todas zela eu futricava
Eu botava era sem pena
Chega a pimba desbotava
Nos meu tempo de rapaz
Já fiz muita estripulia
Mas foi muito tempo atrás!
Eu pimbava todo dia!
Eu tô véi, num pimbo mais!
Ai, ai, ai!
Ai, ai, ai!
Ai, ai, ai!
Ai ai ai ai ai ai ai ai!