Canto Ao Payador Missioneiro
Ah! Payador missioneiro
De sinfonias tamanhas
Vozes dessas campanhas
Em nativos manifestos
Com anseios e protestos
Clamando por liberdade
Borboneios d'ansiedades
Aos guascaços do minuano
Y nuestros pueblos hermanos
Úngidos pelo cabresto
Payador velho indomado
De antigas castas sociais
De entreveiros imortais
Bolivar e
San Martim
Agora, nesses confins
De guitarra em borboneios
Vai modulando os anseios
De gaudério payador
Liberdad para el cantor
Gestas do meu clarim!
O teu canto sintetiza
Calandrias e arapongas
Em chamamés e milongas
Na guitarra que dedilhas
Antigas heranças caudilhas
De entreveiros e peleias
Que cantando tu anseia
Justiças mas sem embargos
Lembrando dias amargos
Sacramento e tordezilhas!
Se parece esse teu canto
Grito de muitas querências
Nativas reminiscências
Com atavismos de pranto
Nesse tristonho acalanto de gaudério
De povos acorrentados
Trás sonhos acolherados
Nossas heranças machaças
Telurismo de mil raças
Revivem nesse teu canto!
Teu canto é um grito de alerta
De guri pedindo pão
Que morrem de inanição
Entre ranchos e tapumes
Aves ainda implumes
Sobre planícies desertas
São madrugadas incertas
Estiradas sobre a pampa
Sepultos na mesma campa
De passados e costumes!