Saliva

Olivêra

Quando a boca saliva, ela não quer comida
Ela só quer cachaça
Quando a sede ataca, ela deve ser morta
E sai quase de graça


Uma assassina cruel, loira e fria, barata
A me esperar na bancada
E no outro canto uma branca, amarga
A não valer 1 real


A saliva que eu troco e o copo que eu encho
A conversa fiada, a conta não paga, a cortina fechada
A saliva de troco e o copo vazio
A conversa fiada, a conta não paga, a me esperar outro dia


Quando a boca saliva, ela não quer comida
Ela só quer cantar
Quando a plateia é pouca e do palco se escuta
Um louco gritar


Um transeunte qualquer, de viola nos ombros
E cabelo nas costas
E no outro canto a garota de saia e de cachos
Sem lhe dar resposta


A saliva que eu troco e o copo que eu encho
A conversa fiada, a conta não paga, a cortina fechada
A saliva de troco e o copo vazio
A conversa fiada, a conta não paga, a me esperar outro dia


Quando a boca saliva, ela não quer comida
Ela só quer acordes
E quando o galo cantar sua música
A gente canta mais forte


Uns de mãos dadas, outros caindo
Tantos querendo mais
É hora do meu embarque, adeus pra quem fica
Em paz

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