Negro Gaudério
Com uma gaita nos tentos campeando sua própria sorte
O negro velho gaudério viaja de sul a norte
Em rancho de carreiradas de carrancho vai chegando
Desata a oito dos tentos, boleia a perna tocando
Conheci negro gaudério num comércio de carreira
Tocando sua oito baixo na barraca quitandeira
Nunca conhece tristeza semeando sem alegria
Gauderiando pelos pagos dia e noite, noite e dia
Noventa anos no lombo não tendo eira e nem beira
Sua herança e seu cavalo e sua gaita a companheira
E quase no fim da vida dizendo adeus a querência
O negro velho sentindo o fim da sua existência
Já cansado da andanças de viver deu em deu
Se foi o negro gaudério pras invernadas do céu
Nosso patrão celestial xirú Bueno barbaridade
Na certo deu-lhe um cantinho no rancho da eternidade