Vivência Tapera
Quando desato a lembrança
Meu pensamento desanda
Abancado na varanda
Sorvendo a minha saudade
Me pego fazendo planos
Até que o dia me alcança
A campear uma esperança
Nessa vida por metade
A quietude logo finda
Pois já chega o Sol rondando
E a noite se espreguiçando
Que ressona junto às brasas
O canto madrugador
Do galo chamando o dia
Me lembra que alegria
Há tempo bateu as asas
Vem cevar meu chimarrão
E aquecer minha vida
Que sem graça e diminuída
Desde que fiquei sozinho
Vem trazer o teu sorriso
Pra iluminar o meu pago
E adoçar esse amargo
Da falta do teu carinho
O peito vazio da ausência
Abriga um frio de geada
Os olhos presos na estrada
No vício de uma espera
A solidão que me abraça
Testemunhando esse fato
É moldura pra um retrato
Dessa vivência tapera
A saudade que machuca
Já não é mais estranha
Fielmente me acompanha
Não me deixa e nem me esquece
Pouco me importa o clarão
Que o novo dia ameaça
Pois a noite sempre passa
E a saudade permanece