Mulher
Puro sangue na alma puro sangue no corpo
Tu Foste deplorada mulher escravizada
Mas sempre Mulher
Com dois filhos nos braços foste abandonada
Sem ter que comer
Te tornaste falada foste injuriada
Mas sempre Mulher
Tiraram-te as terras tiraram-te as praias
Tiraram-te tudo
Tiraram-te o céu e aqueles matagais
Que relembras chorando
Tiraram teus pais
Violaram o berço em que tu nasceste
Acabaram com a terra
E com toda a alegria em que tu cresceste
Hoje és mulher-a-dias para dares de comer
A teus filhos queridos
A seda da tua patroa relembra o teu passado
Mas te chamam de preta gozam com teus carrapitos
Te inferiorizam te deitam abaixo
Não querem saber
Mas quando chegas a casa teus filhos para ti sorriem
E ai tu te sentes muito mais mulher