Da Estação São Bento Ao Metrô Santa Cruz

Antonio Luiz Junior, Leandro Roque de Oliveira

"No dia 15 de novembro de 1995, vários grupos de rap se juntaram num show memorável
Mais de cinquenta mil pessoas estiveram no Vale do Anhangabaú, em São Paulo
Para celebrar Zumbi dos Palmares"

Aí, os boys dos motor de arranque da estrada
E os pretos fazendo de palanque as calçadas (aham)
Pizza, Marathon e listra, é o rap (uui!)
Gravado numa pista, nós na fita cassete, 'morou? Uh
Batendo nos latão, e demorou, as rimas na palma da mão
Sem câmera ou flash, só ação
Whoa, whoa, whoa! Satisfação
Aí, rodando nos PCs, mano
A rua é nóiz tem mais de vinte anos
Procura saber, e a multidão cerca, trepa no portão
Se pá, mesmo, a emoção, checa, vem do coração (coração)
Viu? Dos oitenta e vinil, quantos plays até o ano 2000?
Ei, zulus, ainda somos reis
Frutos e raiz, truta
Putos, infeliz surta
Eu luto, os MCs lutam
Curto a matriz, escuta
Meu amigo, escuta essa
Não tem como seguir se você não sabe onde começa
É natural, jão, no busão e tal
Sigo rachando um dog e um refri no terminal
E a fé pra continuar, saber chegar
'Cença, aqui que é meu lugar, aham
Favela pra vida (a-ha!) do baú do Hood (é nóis!)
Até o HD do Emicida, lembra Nelson, mó triunfo
Aqui, rua pura
Me traz Racionais MC's, zona sul
Pique Posse Mente Zulu e
Pentágono, Thaíde & DJ Hum, fi'
Hoje tem Liga dos MCs, Duelo dos MCs
Tem Rinha dos MCs, Santa Cruz
E eu me sinto grato e feliz por ter a diretriz, sabe?
É como se diz, mó' luz
Valeu, mesmo, tio!

Da estação São Bento ao metrô Santa Cruz
A rua é nóiz, brother
Dos moleques aos vizinhos, o hip-hop é luz
Autoestima que nos leva ao poder

Da estação São Bento ao metrô Santa Cruz
A rua é nóiz, brother
Dos moleques aos vizinhos, o hip-hop é luz
Autoestima que nos leva ao poder

Aí, ainda me lembro da primeira vez
Real Dancers, Cambuci, mil, novecentos e oitenta e três
Tempo do break e do "Electric Boogie"
Do filme Breakdance e, também, do Beat Street
Bons tempos
Começava, assim, o movimento
Nas festas na saidinha da ponte, eu me lembro
Relembro quando trombo o Aladin
O Vagnão, o Mazinho, o Sudus e o Flavinho
Recebi uma carta do Quadrado
Se pá, ano que vem 'tá na rua com os aliados, vai vendo
Naquele tempo era diferente
De rolê pelas festinhas de garagem, chapa quente
Daquele jeito, sempre no respeito
Só no sapatinho pra permanecer sujeito
Tempo passou, muita coisa mudou
E desde os tempos de Show Papo, a gente nem se falou
Somebody love, Projeto Radial
E o clube da cidade diz que 'tá mil grau
Era o mó barato o baile da Chic-Show
No ASA de Pinheiros, domingueira eu vou, demorou
Se pá, mais tarde, estico pro Neon
Lá, o DJ Mister é quem comanda o som
Às vezes, de sexta ia ao Club House
No baile da Kaskatas, que era o grau
Não colava playba, ia só quem é
No Viola de Ouro, era Zimbabwe
O Charme Dance era da Black Mad, heh
Circuit Power, Black News e Dinamite
Minhas lembranças pra sempre 'tão guardadas
E todos os momentos dessa longa caminhada
Pois, nesse tempo, não tinha investimento
E os moleques corriam da PM na São Bento, velho
Deixa o funk tocar, o som não pode parar
O baile é de função, quero ver o DJ riscar
Pois toda quarta tem Santana Samba, tem
É SP DJs, só quem é bamba vem

Da estação São Bento ao metrô Santa Cruz
A rua é nóiz, brother
Dos moleques aos vizinhos, o hip-hop é luz
Autoestima que nos leva ao poder ('morou)
Da estação São Bento ao metrô Santa Cruz
A rua é nóiz, brother
Dos moleques aos vizinhos, o hip-hop é luz
Autoestima que nos leva ao poder (aham)
Da estação São Bento ao metrô Santa Cruz
A rua é nóiz, brother
Dos moleques aos vizinhos, o hip-hop é luz
Autoestima que nos leva ao poder
Da estação São Bento ao metrô Santa Cruz
A rua é nóiz, brother
Dos moleques aos vizinhos, o hip-hop é luz
Autoestima que nos leva ao poder

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